segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Apaixonado.


Querido diário,
Paxonei com ele.

Eu não achei que fosse chegar a esse ponto, mas foi se aproximando assim tão devagarzinho que ao longo desses meses me conquistou...

No começo, achei que tinha me interessado por ele porque era muito parecido com o Marcelo. Aquele olhar mansinho.... Só depois eu percebi que eram pessoas completamente diferentes. Aí já era tarde, me cativou.

Vish ta difícil agora até passar os dias. Eu acordo, já penso no sujeito. Sei lá o que é, acho lindo o jeito dele. O tratar com as pessoas, o sorriso, a simplicidade. Eu gosto das coisas simples.

As outras pessoas torceram o nariz. Lembro que a titia comentou alguma coisa do tipo.

- Eu acho que aquele rapaz "é".
- "é" o que? Legal?
- Viado.

Aí eu rí alto e ela riu também. Ela riu de deboche, eu ri de satisfação. Porque sinceramente eu queria mesmo que ele "fosse".

- Mêw, cê tava conversando com aquele cara?
- Tava.
- Mas cê já viu como a voz dele é assim meio.......de baitola?

kkkkk
Ele tem mesmo voz de viado. Que por sinal eu acho linda porque contrasta assim com o meu jeito que é muito fechado, taciturno.

Eu ainda não decidi como é que vou fazer pra ele perceber que tô interessado.
Não da pra eu ficar afeminado só pra ele perceber. Quero que ele se interesse por mim como eu sou, desse jeito aqui.
Também não da pra eu chegar na lata e dar em cima do cara, eu não sou assim.


Vou curtir madonna no facebook e mandar um sinal de fumaça. Já é um começo.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Ela já entendeu tudo.


Minha irmã é uma criança curiosa. Ficou me cercando, cercando... aí eu resolvi contar logo de uma vez.

- Bla-bla-bla.

Passou alguns segundos em silêncio.

- Ah! Eu já entendi tudo!
- Mesmo?
- Sim!
- Pode explicar?
- O bolo de casamento vai precisar ter dois homenzinhos!

Aí eu fiquei pensando que ela me aceita mais do que eu mesmo.
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Pouco a pouco a vida vai entrando nos trilhos novamente, o que faz o meu sorriso de cada dia. Isso e aquele bonitinho do terceiro semestre de arquitetura.
Acho graça: lá vou eu re-aprender a flertar... aos 21 anos. haha

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Carta de Despedida (?)


Essa semana está sendo uma correria danada e eu mal terei tempo de respirar.

Mandei um e-mail pro meu pai. Eu não ia aguentar esperar a chegada das férias pra voltar pra Fortaleza e falar todas aquelas coisas.

Também não tenho coragem de falar isso por telefone. Eu sou covarde, esqueceu?

Eu disse mais ou menos assim "Pai, eu estou cansado de viver uma vida que foi projetada por você.
Eu quero voltar pra Fortaleza, eu odeio morar longe de vocês. Me sinto um peixe fora d'água aqui.
Eu quero desistir da medicina. Tenho 21 anos e já desperdicei 3 anos da minha vida trabalhando com uma coisa que eu detesto só pra fazer você feliz. Meu sonho sempre foi fazer Arquitetura e só aceitei entrar nessa parada dura pra te fazer orgulhoso.
Eu quero que você saiba que eu não gosto tanto assim de ir pra igreja e que acho mais importante acreditar em Deus do que estar sentado em um banco com a bíblia aberta.
Eu também quero que você saiba que eu não gosto de meninas. Ou pelo menos não da forma como você imagina."

É um sentimento estranho esse. Chorei rios de lágrimas essa noite que passou, fiquei das 2h da madrugada até as 5 ponderando se deveria ou não enviar a mensagem, mas agora me sinto livre como se pela primeira vez em anos pudesse respirar ar livre. Parece que essa chuva da manhã veio enviada por Deus pra lavar a alma.

Ele não respondeu ainda. Nem me ligou. Acho que ainda nem leu. Mas eu sei que não vai aceitar. Eu sei que ele vai fazer o mesmo que fez da última vez. Eu sei o que está vindo por aí. Mas dessa vez vai ser do meu jeito. Os sonhos de Caio precisam ser mais importantes que os sonhos de Pai do Caio pelo menos uma vez.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Fudido


Meus últimos três relacionamentos foram com mulheres. Eu me sinto solitário e com mulher sempre é mais fácil. Eu sou tímido com outros homens.

Eu tô com uma suspeita razoavelmente forte que meus pais acham que eu estou "curado".

Meu Deus, por favor, que eu esteja enganado. Eu não aceito passar por aquela porra toda uma segunda vez. Ta me ouvindo, Deus? Eu não aceito.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Entre as linhas.


Bem, eu acredito que se ele te fala assim com tantos rodeios... isso é pra não deixar as coisas tão claras. Quer te seduzir e te ver buscando o sentido do que diz. Se não me engano, se ele te fosse direto, você o rejeitaria.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Eu não mudaria nada em você.

Ontem eu tava no caminho da farmácia quando atravessei por aquele casal estranho. A moça era gorduchinha e o rapaz, magrelo demais. Passei por eles sem dar muita importância, mas não pude deixar de entreouvir uma parte da conversa:

-...Eu não mudaria nada em você.

Fui surpreendido! Na saída eu tive que voltar lá pra olhar nos olhos daquele casal feio. E de repente achei que combinavam juntos. Eram lindos juntos. Tive que sorrir pra eles, não deu pra segurar. Acho até que devo ter feito papel de doido, ninguém sorri pra um estranho aqui na capital.

O fato é que aquelas palavras ficaram marcadas em mim. Que tipo de ser humano produz uma frase como essa? É linda! Devia vir com uma tarja preta avisando que causa dependência. Passei meia hora deitado na cama, olhando pro teto, dizendo em voz alta.

- Eu não mudaria nada em você.

Queria ter para quem dizer isso.

- Amor, eu só queria que você soubesse que eu torço pela sua felicidade. Que as vezes eu sonho com você. Que eu estou tentando melhorar pra te fazer feliz quando você chegar. Eu sei que tá demorando, mas eu queria que você soubesse que eu estou procurando você. Eu só queria que você soubesse que eu não me importo se você é magro demais, gordinho ou efeminado... porque eu não mudaria nada em você.

(Tenho que me prometer não escrever mais porra nenhuma sob o estado de febre romântica. Eu não sou sempre assim, é que hoje estou cansado.)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Fora do armário é tão solitário quanto dentro.


- ... pai?
- Oi.
- Você acha ruim... eu ser "assim"?
(Aqui a gente nunca toca nesse assunto diretamente. É a minha forma de respeitar os limites deles e a forma deles de se interessar pelas minhas questões)
- Não, filho.
(Em um mundo perfeito, eu acredito que a resposta teria parado por aí. Mas nós não estamos em um mundo perfeito.)
- Não, filho. Você tem postura de homem, as pessoas não conseguem perceber que você é diferente. Parece aqueles dois cowboys do filme.
- E é melhor assim?
- Claro! Ninguém gosta de estar perto de um viado...

O que me confunde um pouco nessa porra toda é que eu não sei se foi um elogio pra mim ou um insulto aos homossexuais.
Eu sei que ele tá se esforçando, mas tenho receio que essa boa vontade seja somente comigo, por ser filho. Com os outros do mundo lá fora nada mudou. E se algum dia eu me interessar por alguém? Como é que ele vai tratar esse cara?

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"- ...Parece aqueles dois cowboys do filme."

Lembro que tava passando algum filme na televisão. Olhei de longe e me pareceu ser Brokeback Mountain. Achei engraçado: Minha mãe, que se emociona até com novela mexicana, fingia não chorar. Meu pai fingia não prestar muita atenção. Talvez ver dois homens se atracando na TV em horário nobre seja pedir demais. Mesmo assim ele aguentou até o fim.

Honestamente, eu acho que ele está enganado. Eu não sou nem um pouco parecido com aqueles dois cowboys do filme. Eu nunca quis ter uma vida dupla. O que eu quis (e ainda quero) é amor grande igual dos filmes. Foi por causa disso que eu decidi compartilhar com os meus pais, aos 16 anos, uma parte de mim que eles ainda não tinham conhecimento. Porque eu queria ter liberdade pra conhecer esse amor.

Infelizmente uma coisa que as pessoas não tinham me contado era que ao sair do armário pra minha família nuclear eu iria encontrar lá fora um mundo bonito, um céu azul e um campo verdejante... e vazio. Eu olhei pros lados e fiquei me perguntando "cadê os outros?".
Tendo vivido minha vida inteira como heterossexual, eu tenho uma dificuldade gigante em conhecer outros homens. Então só me resta sair com mulheres, porque a solidão é coisa que machuca a gente.

"Parece aqueles dois cowboys do filme." Porra, pai. Pra que foi falar isso?

 
Plantilla Minima modificada por Urworstenemy